O Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) deu início ao projeto de visitas técnicas nos municípios do estado. A presidente do CRM-AC, Dra. Leuda Dávalos, e a vice-corregedora, Dra. Dinair Leão, visitaram as cidades de Manoel Urbano, Feijó e Tarauacá, onde inspecionaram unidades de saúde, dialogaram com médicos e se reuniram com gestores municipais.
O objetivo do projeto é garantir um acompanhamento contínuo das condições de trabalho dos médicos e da infraestrutura das unidades de saúde, além de assegurar que as recomendações das fiscalizações sejam aplicadas. A iniciativa também busca fortalecer o vínculo com os profissionais e contribuir para a melhoria do atendimento à população.
Durante as visitas, foram realizados encontros com médicos, diretores técnicos e gestores municipais para discutir as principais dificuldades enfrentadas, que incluem sobrecarga de trabalho, precariedade estrutural e, sobretudo, situações de insegurança.
A presidente do CRM-AC destacou a gravidade das situações relatadas pelos médicos, que enfrentam não apenas dificuldades profissionais, mas também agressões verbais, ameaças e exposição nas redes sociais.
“Os relatos são preocupantes. Os profissionais estão adoecidos, com a saúde mental comprometida e muitos amedrontados. As pessoas já entram nas unidades filmando, desrespeitando e jogando os vídeos em redes sociais, com palavras ofensivas e até ameaças de morte. Isso não pode continuar acontecendo”, afirmou Dra. Leuda Dávalos.
No município de Manoel Urbano, a situação foi apontada como especialmente crítica. A presidente ressaltou que a unidade não tem estrutura adequada para atender casos de alta complexidade, e os médicos acabam sendo responsabilizados pelas deficiências do sistema público.
Dra. Leuda também destacou a atuação dos médicos, que, apesar das adversidades, permanecem salvando vidas. “Mesmo com todas as dificuldades, eles fazem um trabalho heroico, salvando crianças indígenas que chegam em estado grave. São profissionais que merecem respeito e segurança para continuar trabalhando”, afirmou.
Em Feijó, foi pactuada uma estratégia com a gestão municipal para esclarecer à população a diferença entre atendimentos realizados em hospitais e nas unidades básicas de saúde. A presidente destacou também os esforços do município para melhorar o atendimento à população indígena.
Em Tarauacá, a equipe do CRM-AC foi recebida por médicos e gestores que relataram problemas semelhantes, com destaque para a insegurança e o desrespeito enfrentados pelos profissionais de saúde. “A maior queixa é a falta de segurança e o medo constante. Precisamos proteger esses profissionais para que possam continuar salvando vidas”, enfatizou Dra. Leuda.
O CRM-AC já planeja novos encontros com representantes do Ministério Público, da Segurança Pública e demais atores envolvidos na saúde pública para buscar soluções para os problemas identificados durante as visitas. “Estamos nos mobilizando para buscar formas de garantir a segurança dos profissionais de saúde. Esse é apenas o começo desse projeto, que tem como objetivo estreitar o diálogo e buscar soluções em conjunto com médicos e gestores”, concluiu Dra. Leuda Dávalos.