A presidente do Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC), doutora Leuda Dávalos, se reuniu nesta segunda-feira (8) com um grupo de mães de adolescentes acreanos que alegam que seus filhos apresentaram reações adversas após tomarem a vacina contra HPV.

O Conselho vem acompanhando o caso desde o início e chegou a participar, em novembro do ano passado, da apresentação dos resultados da investigação feita por especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) a respeito do quadro dos adolescentes no Ministério Público do Acre.

Na reunião desta segunda, representantes das mães falaram sobre a situação atual dos adolescentes e pediram apoio do CRM na luta com relação ao caso. Uma das mães, a dona de casa Bianca Almeida, disse que os adolescentes pararam de ser acompanhados pelo estado devido à pandemia do novo coronavírus. Ela também pediu ajuda para conseguir que os adolescentes passem por exames.

“A gente fica feliz pela senhora ter dado essa oportunidade, são quase seis anos de muita luta e nossas dificuldades ficaram ainda mais graves por causa da pandemia. Nós temos filhos e filhas com imunidade baixa e para nós isso é um pânico, já ter o histórico de muita dificuldade de saúde, sem resultado, sem remédios que surtam efeito e aí, de repente, a pandemia e todo atendimento foi cortado por causa da necessidade do estado. O que a gente quer hoje é pedir o apoio do CRM quanto ao atendimento dos nossos filhos, eles precisam continuar sendo atendidos”, disse a mãe.

Após ouvir o clamor das mães, a presidente do CRM informou que um documento deve ser elaborado com os pedidos e encaminhado ao Ministério Público do Estado e à Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).

“Vamos fazer uma ata e elaborar um documento cobrando tanto do Ministério Público quanto da Sesacre para que providenciem o acompanhamento dos filhos de vocês. Quero dizer que sou solidária à dor de vocês, também sou mãe e o que estiver ao nosso alcance, nós vamos fazer”, afirmou Leuda Dávalos.

Estudo da USP

O estudo foi feito por uma equipe de 17 profissionais do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, conduzidos pelos pesquisadores José Gallucci Neto e Renato Luiz Marchetti, do Instituto de Psiquiatria da USP. Por videoconferência, eles explicaram a metodologia das avaliações médicas, os fatores causais das manifestações convulsivas e a correlação dos sintomas com a imunização.

Desde o final do semestre passado, jovens estavam sendo enviados à cidade de São Paulo, onde foram submetidos a exames neurológicos, observação da atividade cerebral e avaliação neuropsicológica. No total, dentre os que apresentavam sintomas mais graves, 12 foram escolhidos para passar por análise da equipe multiprofissional da USP.

No relatório final, os especialistas descartaram qualquer relação causal biológica com a vacinação e atribuíram os sintomas a fatores psicossociais, causados sobretudo por situações de estresse relacionadas à desconfiança com a vacinação. Segundo eles, trata-se de uma reação psicológica, o que se desencadeou um tipo de patologia chamada crise não epiléptica psicogênica, diferente de epilepsia, que afeta o sistema nervoso. Ou seja, as manifestações não têm relação com a vacina, mas sim com o ato de vacinar.

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